Já está mais do que na hora de entender que essa é uma crença limitante que nos faz acreditar que é normal e inevitável “sofrer” por amor. Mas isso não é verdade!
Não, não é normal sofrer por amor. Veja bem, existem, sim, algumas situações que nos levam ao sofrimento, como por exemplo: não ser correspondida em nossos sentimentos, perceber que o outro não quer se adequar ao relacionamento ou o fim de uma relação. Sofrer, em momentos como esses, é natural, mas é algo pontual e passageiro – como uma ponte que nos leva de uma situação a outra a ser construída. No entanto, momentos assim não fazem do amor sinônimo de sofrimento. Não podemos seguir acreditando que amor é sofrimento e, portanto, ficar alimentando relações tóxicas ou platônicas. Acredite, viver assim não é saudável e não é natural.
Amar é um estado de espírito, muito mais do que uma ação. Quando estamos preenchidas de amor e conseguimos que esse sentimento flua, nos sentimos plenas e felizes – a gente simplesmente ama (a vida, a nós mesmas, aos outros). Entretanto, quando acreditamos que “amar é sofrer”, corremos um risco grande de confundir sentimentos, de exigir algo dos outros ou da vida que não é possível receber. Quando condicionamos nosso próprio bem-estar ao fato de recebermos amor dos outros, do jeitinho exato que a gente quer, sofremos. Altas exigências, altas expectativas. E, já sabemos, expectativas e sofrimento são quase sinônimos, certo? [Leia mais aqui: https://bit.ly/2HLFjlb]
Então, porque acreditamos que amar é sofrer? Um dos motivos é porque temos uma cultura que preconiza o amor romântico como sendo um amor dramático. Vemos isso o tempo todo no cinema, por exemplo. Mocinhas apaixonadas por parceiros que nada têm de mocinhos, que precisam sofrer por eles, que precisam modificá-los para poderem ser felizes para sempre. Bem ao estilo A Bela e a Fera. Quem sabe, depois de todo o sofrimento, a fera se torne um príncipe? Bem, na vida real, nem sempre acontece assim.
E as músicas? Nas letras, amar e sofrer andam sempre juntos, já reparou? E o amor romântico é tema constante da grande maioria dos ritmos musicais. Sem prestar muita atenção, escutamos, constantemente, uma espécie de mantra que diz “tudo bem sofrer por amor, é assim mesmo”. E não é! Está na hora de começar a entender a mensagem que consumimos e o que dela vem fazendo parte dos nossos comportamentos. Começar o novo ano com uma nova atitude, além de saudável, pode mudar para melhor a sua compreensão do mundo, da vida e do amor.
O que é sofrer, então?
Sofrer é não amar a si mesma. Sofrer é deixar a nossa felicidade nas mãos do outro, é condicionar nosso bem-estar a um sentimento recíproco, do tipo “só serei feliz se ele me amar”. Sofrer é ter expectativas demais sobre as situações e as pessoas que nos cercam. Sofrer é se apegar excessivamente a uma ideia ou pessoa, é ser possessiva, insegura. Sofrer é não ter coragem de correr atrás dos nossos sonhos. Tudo isso é sofrer. E esses sentimentos são totalmente desconectados do amor verdadeiro. Amar liberta, convive com as diferenças, é leve, respeita. É um estado de espírito, como falei ali em cima. Quando amamos de verdade, temos em nós algo que gera alegria, leveza, plenitude, e não sofrimento.
Como bem diz o músico Zé Ramalho em sua canção “Sinônimo”: a gente leva pouco tempo para entender que o sinônimo de amor é sofrer, enquanto, na verdade, o sinônimo de amor é amar! Então, que tal trocar o disco, a lista de preferidos no Netflix e no Spotify, e começar a perceber que não é preciso sofrer para amar? Pelo contrário, quem ama de verdade é feliz simplesmente por ter esse sentimento dentro de si!