É verdade que cada uma de nós, mulheres, é única. Mas quando se trata de medos e de relacionamentos, a grande maioria de nós tem um medo em comum: o de ser traída. E de onde será que ele vem?
Para muitas mulheres, o medo da traição é um dos principais fatores de sofrimento nos relacionamentos. Pouco importam suas origens, sua idade, sua profissão, seu tipo de personalidade... o fato é que é raro encontrar uma mulher que não tenha (ou nunca tenha tido) medo de ser traída ou trocada por outra. Mas de onde vem esse medo?
Analisando o histórico e a trajetória da humanidade, podemos constatar que as relações monogâmicas e baseadas na fidelidade são relativamente recentes. A sociedade patriarcal e de educação machista sempre enxergou o “pular a cerca” como algo “natural” e até como uma “necessidade masculina”. Ou seja, esse tipo de comportamento perdurou por anos e anos e, mesmo não fazendo mais parte da realidade atual, infelizmente ainda persiste no imaginário cultural de muita gente. Além disso, também vale lembrar que, hoje, vivemos na era da superinformação e dos modelos superficiais criados para o consumo – seja de beleza, biótipo ou comportamento. Ansiamos por consumir cada dia mais e essa ansiedade se reflete, inclusive, na fragilidade e na superficialidade das relações humanas.
Mas então, o medo da traição, tão comum entre as mulheres é ou não é infundado? Em parte, sim. Porque, apesar de estarmos falando de algo que realmente acontece (e muito), é preciso entender que existe uma relação muito poderosa entre o medo de ser traída ou trocada e a baixa autoestima. Esse medo, na maioria das vezes, surge do sentimento de inadequação ou como fruto de crenças limitantes do tipo “eu não sou boa o bastante”, “ninguém vai me querer como eu sou” e “não consigo segurar uma relação”. Se você se identificou em algumas dessas frases, pare já.
Primeiro, segurar, ou melhor, dar continuidade a um relacionamento não é tarefa somente de um dos lados. Relacionar-se a dois é sinônimo de parceria, de partilha, e prescinde de companheirismo e lealdade. O código dos relacionamentos amorosos estáveis é baseado em fidelidade de ambas as partes. Portanto, não, nós mulheres não devemos nos sentir 100% responsáveis pela manutenção de uma relação, mesmo que nos dias de hoje ainda haja uma ideia social equivocada sobre o papel da mulher nos relacionamentos.
Se o medo de ser traída faz parte de seu repertório emocional, questione-se: de onde ele vem? Você já viveu algo real que o embase? Ainda que seja difícil admitir, perceba se ele está conectado à baixa autoestima, à falta de amor-próprio, à ideia de que sozinha não se pode ser feliz. Suas respostas a esse tipo de reflexão falam muito sobre você.
Acredite, sentir-se insegura em uma relação tem muito mais a ver com seus próprios fantasmas do que com o comportamento de quem vive com você. De um jeito ou de outro, temos que compreender de uma vez por todas que as pessoas são livres e têm o direito de fazer aquilo que bem entendem. De nada adianta tentarmos tolher ou controlar tal liberdade, pois, no final das contas, quem quer ficar, fica; quem quer nos respeitar, respeita; quem ir embora, vai. Então, qual o sentido desse medo? Bora viver no momento presente e ser feliz?!