Por que criar expectativas é tão prejudicial?

Criar expectativas demais é viver na escassez, pois nunca há o bastante para se sentir satisfeita. Já pensou nisso?

Quem gera expectativas demais vive imersa no paradigma da escassez: nada é bom o suficiente e parece que sempre falta algo. É mais ou menos o tal do “quando atingirmos a meta, dobraremos a meta”, sabe? Parece piada, mas é a pura realidade: quem vive de expectativas nunca tem o bastante para se sentir satisfeita. E, pior, acaba perdendo o senso de receptividade – ou seja, deixa de enxergar e dar valor àquilo que recebe.

Então, isso quer dizer que devemos eliminar as expectativas da nossa vida?  Não! Nossas expectativas, nossos sonhos e nossos objetivos nos impulsionam. Mas, como em tudo, é preciso equilíbrio para não desejar demais e ficar sempre aquém daquilo que é possível receber. Criar expectativas fantasiosas quanto a um parceiro amoroso, por exemplo, é algo péssimo para a relação. Imagine-se no lugar oposto, tendo que preencher as expectativas infinitas que o outro tem de você. Não lhe parece angustiante?

O amor só consegue crescer quando ambos se sentem livres para ser e transparecer o que realmente são. Quando tentamos preencher as expectativas do outro, corremos um alto risco de perder nossa própria identidade e, quando nos damos conta, não é apenas uma, mas duas pessoas insatisfeitas: uma porque não tem o que quer e a outra porque não age de forma espontânea. E é assim que possibilidades incríveis de se conhecer profundamente e de conviver de maneira saudável acabam sendo perdidas, em um mar de expectativas.

Criar expectativas demais é, na verdade, ir contra o senso de abundância. Enxergar o outro como é nos permite compreender a riqueza e a beleza daquilo que ele nos entrega. Muitas vezes, não recebemos o que esperávamos, as situações não acontecem da forma como havíamos planejado, mas não por isso ficamos necessariamente na falta. As expectativas nos limitam e nos privam de enxergar que o que vem até nós pode ser até melhor do que aquilo que imaginávamos.  Quando aceitamos a realidade, abrimo-nos para o novo e somos capazes de agradecer pelo que é, sem desejar infinitamente o que poderia ser. Dá para entender a diferença?

Queira mais, deseje mais, sonhe mais, mas cuide para que seus sonhos não se tornem expectativas irreais e que sejam um peso em seus relacionamentos, sejam eles amorosos, familiares, corporativos ou de amizade. Querer sempre mais do outro pode ser sufocante não apenas para ele, mas também para você. Aceitar a realidade e diminuir as expectativas pode acabar com as sensações de ansiedade e de insatisfação. Topa tentar?

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