Dependentes de “amor” normalmente se tornam envolvidos demais com seus parceiros a ponto de perderem o senso de individualidade – o que gera dificuldade de identificar onde suas próprias necessidades, emoções, vontades, opiniões, e até interesses e valores acabam e onde os de seu parceiro começam. Quando o parceiro está feliz, sentem-se felizes também, quando o parceiro está triste, sentem-se igualmente tristes, quando o parceiro não gosta de algo ou alguém, também não gostam.
De acordo com Walter Riso (psicólogo e autor de diversos best-sellers relacionados ao tema):
“Depender da pessoa que se ama é uma maneira de se enterrar em vida, um ato de automutilação psicológica em que o amor próprio, o autorrespeito e a nossa essência são oferecidos e presenteados irracionalmente. Quando a dependência está presente, entregar-se, mais do que um ato de carinho desinteressado e generoso, é uma forma de capitulação, uma rendição conduzida pelo medo com a finalidade de preservar as coisas boas que a relação oferece. Sob o disfarce de amor romântico, a pessoa dependente afetiva começa a sofrer uma despersonalização lenta e implacável até se transformar num anexo da pessoa “amada”, um simples apêndice.”
É claro que, quando estamos num relacionamento amoroso é comum (e até normal), cedermos em alguns aspectos para fazermos nossos parceiros felizes, afinal, a flexibilidade também é um ingrediente importante e essencial do romance – desde que respeite nossos limites. Sendo assim, como saber, exatamente, se somos dependentes de “amor”? Susan Peabody (autora de “Amar Demais”) afirma que para que uma pessoa seja considerada Dependente de “amor” ela precisa apresentar 3 características básicas essenciais: baixa autoestima, fome excessiva de amor e medo do abandono – as quais nos conduzem ao comportamento de envolvimento exagerado com o outro, que pode chegar à despersonalização.
Mas, calma! Você que está com aquela sensação de “Ufa! Estou fora dessa!”, tenha cuidado. “Baixa autoestima, eu? Imagina!”, “Medo de abandono?”, “Fome de amor? Isso soa ridículo!”. A verdade é que admitir que sofremos desses males requer muito autoconhecimento e coragem, além de força de vontade para poder mudar.
É importante ressaltar que esses fatores vêm e vão de acordo com as fases da nossa vida. Há momentos em que a nossa autoestima fica mais baixa (quando acreditamos não estar no peso ideal, por exemplo), momentos em que sentimos mais fome de amor (quando nos sentimos sozinhas ou carentes), e outros em que o medo do abandono aparece (como quando um relacionamento passa por uma crise). Então, caso esses três fatores ocorram ao mesmo tempo (ainda que de forma passageira), é bom estarmos atentas para não nos tornarmos dependentes de um parceiro, amigo(a), parente ou mesmo da ideia de relacionar-se.
Obviamente não existe uma receita para se ter um relacionamento amoroso perfeito. Mas para que ele seja o mais saudável possível, devemos estar atentas para que haja flexibilidade sem a perda da nossa própria individualidade e, acima de tudo, amor-próprio o suficiente para que nossa autoestima não sofra grandes variações, a carência não nos faça ceder demais em troca de carinho e atenção, e o medo do abandono não nos abale a ponto de nos dispormos a fazer de tudo para mantermos um relacionamento a qualquer custo.