Sozinha ou só?

Para você, o que é mais preocupante? Estar sozinha ou sentir-se só? Talvez você esteja se dizendo que dá na mesma, mas existe uma diferença grande entre os dois conceitos, quer ver só?

Muitas de nós confundem estar sozinha com a sensação de estar só, e essa confusão gera um medo que nos direciona e condiciona, sem que a gente perceba. Provavelmente você já tenha se visto em uma relação sem muito futuro apenas por estar com alguém. Posso apostar que sim. Mas também já se sentiu muito bem caminhando pela praia ou curtindo um cineminha em sua própria companhia, por exemplo. Consegue perceber a diferença?

Enquanto estar sozinha se refere a estar ou não com alguém, sentir-se só tem muito mais a ver com um estado emocional. Podemos estar sozinhas e não nos sentirmos sós. Isso acontece quando nos sentimos bem em nossa própria companhia, quando nos sentimos preenchidas e empoderadas, quando temos consciência de quem somos e quais os nossos desejos e objetivos. Por outro lado, também é possível estarmos em um relacionamento amoroso ou na companhia de alguém e, mesmo assim, nos sentirmos sós. É aquela velha história de estar só em meio à multidão. Quem nunca?

Quando nos sentimos inteiras, somos capazes de realizar nossos próprios desejos e nos mantemos no topo das nossas prioridades. Aprendemos a estar sozinhas de forma tranquila e descompromissada, tornamo-nos nossa melhor companhia e quase nunca nos sentimos sós. A grande questão é que, muitas vezes, colocamos todo o nosso interesse no mundo exterior e esquecemos de preencher o vazio interno, que nos deixa carentes e suscetíveis a modelos sociais de vida. Buscar alguém só porque temos que estar acompanhadas é tão ruim quanto evitar relacionamentos com base em sofrimentos anteriores.

Muitas de nós colecionam relacionamentos ruins especialmente porque aceitam o primeiro parceiro que aparece. O medo de ficar sozinha fala mais alto, os valores se invertem e tudo começa “errado”. Ok, é difícil falar o que é certo ou errado em termos de relacionamento, já falamos sobre isso aqui mesmo neste blog (https://bit.ly/2KJ5KtE). Mas existe algo que precisa ficar claro: enquanto você não se der o cuidado e o amor que dedica aos outros, invariavelmente sentirá que falta um tempero nas suas relações. E isso acontece porque o amor-próprio que está sendo esquecido!

Sentir-se só é esquecer de si mesma, a ponto de alimentar solidão, independentemente de estar ou não sozinha. Do contrário, quando nos nutrimos e estamos em sintonia com nossas vontades e objetivos, não “precisamos” estar acompanhadas, e, na verdade, nunca estamos desacompanhadas, mesmo sem ninguém ao lado. Estando inteiras, amizades e família têm mais valor, e inclusive um relacionamento é possível, mas sem estar embasado na sensação de escassez e de falta.

O preenchimento de si mesma é algo que precisa ser cultivado e que prescinde de autoconhecimento, autoavaliação e aprendizado sobre como lidamos com as mudanças da vida e como reagimos ao que nos acontece. Sofrer é uma grande escola. Mas o aprendizado não precisa ser sofrido, porque ele pode (e deve) ser realizado com amor. Coloque-se nessa jornada de autocuidado e reflita sobre como e por que você entra nas relações. Assim, você certamente entrará em sintonia com sua melhor versão e se perceberá bem independentemente de estar ao não acompanhada.

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