Síndrome de Walt Disney – o que é e como lidar?

Confiar no “felizes para sempre”, esperar que sapos virem príncipes, acreditar que os relacionamentos proporcionam a felicidade eterna são sintomas da Síndrome de Walt Disney. Você conhece?

Chama-se síndrome de Walt Disney aquela crença infantil, aquela esperança mágica de que a partir do dia em que encontrarmos o parceiro certo ou formarmos uma família, teremos encontrado a felicidade eterna. Você pode até não ter se identificado... mas e quanto a querer que o parceiro mude? Não é o mesmo que acreditar que sapos, quando beijados, viram príncipes?

É verdade que, desde meninas, somos instigadas a acreditar no “viveram felizes para sempre” das animações infantis e, mais tarde, dos filmes e das novelas – que, normalmente, aparece após uma cena de casamento que fecha a história sem mostrar o que vem depois. A realidade é sempre bem diferente. Acreditar que a nossa felicidade é possível somente através de algo ou alguém faz com que:

1)      Vivamos adiando o momento de ser feliz, já que ainda não encontramos o parceiro dos nossos sonhos ou ele ainda não mudou e se tornou quem desejamos;

2)      Nos eximamos da nossa própria responsabilidade de correr atrás do que nos faz feliz por nós mesmas;

3)      Deixemos de enxergar a felicidade do dia a dia nas pequenas coisas, pois nosso foco está no outro e no relacionamento.

Quando estamos em um relacionamento alimentado pela síndrome de Walt Disney, enxergamos o outro não apenas como um príncipe encantado, um salvador, mas também como a fonte principal da nossa felicidade. E ao esquecer que as maiores responsáveis por nossa felicidade somos nós mesmas, tornamo-nos emocionalmente dependentes e inseguras. Daí surge o medo de perder o parceiro e então, o apego, a possessividade, o ciúme e a necessidade de controle que, aos poucos, tomam conta da relação. O que no início achávamos que tinha potencial para se assemelhar a um romance digno dos contos de fadas, transforma-se num filme de terror.

Quando nos colocamos no papel de dependentes do outro, a simples ideia de perdê-lo se torna um pesadelo. Esse medo faz com que nossa necessidade de controle seja cada vez maior e, consequentemente, a relação vai se desgastando e o estresse entre o casal passa a ser rotineiro. O fato é que precisar do outro para ser feliz é uma verdadeira prisão.

E como lidar?

Os remédios mais indicados contra a síndrome de Walt Disney são: parar de criar expectativas e deixar de fantasiar. Quando enxergamos e aceitamos a realidade, isto é, a beleza dos seres humanos (com todos os seus defeitos), assim como a natureza dos relacionamentos (com seus momentos de alegria e os de crise – altos e baixos), fica muito mais fácil se relacionar sem se frustrar.

Outra maneira de espantar essa síndrome é identificando dentro de nós o que realmente nos move nos relacionamentos. Será que é mesmo amor? Ou será que estamos nos relacionando por carência, medo de ficarmos sozinhas ou apego à fantasia daquilo que talvez um dia nossos parceiros possam vir a ser se mudarem, se conseguirmos comprar aquela casa maior, se tivermos um filho ou mais um...

Enquanto ficamos presas às nossas expectativas e fantasias de como o parceiro ou o relacionamento deveriam ser para sermos felizes, privamo-nos de enxergar a beleza de como eles realmente são – inconstantes, assim como tudo na vida real. 

 

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