Quando nos apaixonamos, corremos um grande risco de esquecer algo muito importante: um casal é formado de duas pessoas com gostos, costumes e histórias de vida totalmente diferentes. Julgar o outro pela nossa própria ótica pode ser um dos maiores erros das relações.
Desde crianças somos ensinadas a fazer aos outros somente aquilo que a gente gostaria que fizessem com a gente, certo? Esta, apesar de ser uma boa base para relacionamentos sociais equilibrados, pode ser uma pegadinha quando se trata de relacionamentos amorosos. E eu explico por quê. Sim, tratar o outro com respeito, verdade, honrando sua individualidade e abraçando suas sombras é a melhor forma de demonstrar como desejamos ser tratadas. No entanto, quando usamos essa máxima com segundas intenções, ou seja, com o interesse de receber algo em troca, corremos o risco de nos frustrar.
Muitas de nós, ao invés de falar abertamente o que querem, escolhem dar “dicas” ou deixar “pistas” sobre como desejam que a relação se desenvolva, aplicando exatamente o princípio do “faça ao outro o que gostaria que fizessem com você”. Ao fazer isso, deixamos de levar em conta algo simples: não somos iguais! Um casal é formado de duas pessoas que têm não apenas gostos e preferências muito particulares, como histórias de vida e costumes totalmente diferentes. E isso faz com que cada uma (re) aja de forma diferente na vida a dois.
Se você presenteia seu parceiro com flores porque deseja que ele também o faça, mas não fala isso diretamente, pode ser que ele não corresponda ao seu desejo. E isso porque: 1) nem sempre a gente “paga na mesma moeda” tudo aquilo que recebe, 2) talvez ele nem goste de receber flores e, como aprendeu a fazer com os outros apenas o que gostaria que fizessem com ele, não retribuirá seu presente da mesma forma ou, 3) quem sabe, o ato de oferecer flores a alguém acione nele algumas lembranças não tão positivas do passado, por exemplo. Dá para entender como isso tudo pode virar uma imensa confusão quando optamos por “dar dicas” ao invés de falar diretamente o que desejamos?
Mas, então, como agir?
Quando agimos com respeito, verdade e amorosidade, damos o exemplo, “ensinamos” pelo nosso jeito de ser. Até aí, perfeito. Mas, quando a gente QUER efetivamente que o outro faça algo, o melhor a fazer é comunicar de forma aberta e direta – assim, somos muito mais assertivas e evitamos mal-entendidos e frustrações. Diga a ele que gosta de receber flores! Porque pode ser que ele ainda não tenha consciência de tudo aquilo que te faz feliz. Diga a ele que quando ele fica quieto demais por muito tempo, sem explicar os motivos, você se sente insegura. Porque pode ser que esses momentos de introspecção sejam especiais para ele e simplesmente não tenham nada a ver com você.
Fazer ao outro o que desejamos que façam com a gente significa, inclusive, respeitar o fato de que ele não vai adivinhar nossos desejos. Além disso, cada um cresceu em um ambiente diferente, com hábitos familiares distintos e, muitas vezes, até opostos. Portanto, nem tudo aquilo que nos parece óbvio é óbvio para os outros. Para que o relacionamento flua sem grandes desentendimentos, é preciso diálogo, confiança mútua e o entendimento de que somos pessoas completas e únicas, mas distintas – unidas pelo objetivo de construir uma vida juntos. Então, seja DIRETA, objetiva e verdadeira ao se comunicar com seu parceiro. Isso é sinal de maturidade. Deixe os joguinhos de sedução e de comunicação no passado!